Pesquisa aponta que 40% das empresas não conseguem lidar com as suas cadeias de suprimentos durante a pandemia
Por Antonio Carlos Brito, Sr. Principal, Digital & Value Engineering LATAM na Infor
A pandemia do novo coronavírus continua com desdobramentos. Empresas de diversos setores ainda sofrem com os efeitos provocados pela crise, como, por exemplo, a imprecisão em relação à continuidade no fornecimento de serviços e abastecimento de produtos. Não há dúvida de que as interrupções na cadeia de suprimentos provocaram grandes perdas para as companhias, mas também chamaram a atenção para a vulnerabilidade do supply chain ao lidar com situações adversas e repentinas.
Segundo a pesquisa “Real-time Intelligence and the Future of Supply Chains”, da Orange Business Services, as cadeias de suprimentos em 40% das organizações multinacionais não conseguiram lidar com os efeitos da pandemia.
Para mitigar os riscos de vulnerabilidade e evitar novas interrupções, as companhias precisam implementar boas práticas de gestão da logística. A seguir, recomendo 4 passos que as organizações devem adotar para atingir esses objetivos.
Passo 1: conectividade e digitalização
Melhorar a conectividade do ecossistema de parceiros logísticos e digitalizar as informações para criar uma fonte única de dados garantem que as empresas possam fortalecer toda a cadeia de suprimentos.
É fundamental para as companhias que todos os seus parceiros estejam conectados. O principal benefício aqui é a possibilidade de ter acesso rápido, e em tempo real, de todas as informações relacionadas ao processo.
Os fornecedores podem, por exemplo, oferecer suporte de forma proativa se um fabricante de componentes tiver a sua operação interrompida por um evento inesperado. As notificações antecipadas servem para ajudá-los a se planejarem rapidamente para realinhar as suas operações.
Passo 2: visibilidade end to end
A visibilidade end to end é um termo muito usado no supply chain. Mas como colocá-la em prática? Essa é uma preocupação recorrente entre os líderes logísticos e a resposta não é tão simples. É preciso considerar tudo o que afeta o estoque. Abrange desde as previsões de demanda, implementação de ERPs integrados, gerenciamento de armazéns e rastreamento do transporte dos produtos até a entrega final.
Tudo isso reduz a imprecisão de previsões, que podem resultar na configuração incorreta da linha de fabricação e, assim, tornar o fornecedor incapaz de entregar as peças ou produtos necessários. Ter visibilidade total do processo permite a rápida identificação de possíveis pontos críticos e fornece respostas rápidas para amenizar o impacto.
Passo 3: colaboração de parceiros
Há um aspecto crítico para quem deseja aumentar a capacidade de resposta do supply chain: a necessidade de ter uma colaboração eficaz com os parceiros logísticos. A cooperação requer três elementos principais para criar sinergia: conectividade, independência e confiança.
Hoje, isso é ainda mais valorizado porque diferentes cadeias de suprimentos têm recursos essenciais concentrados em regiões ou mercados diversos. Por isso, os parceiros podem ajudar uns aos outros quando surgem problemas.
Passo 4: visibilidade antecipada
Criar uma cultura de colaboração é importante. Mas as melhores empresas do segmento são aquelas que se antecipam aos problemas. Elas analisam todos os erros e falhas, desde incursões na qualidade até entregas perdidas, para identificar as causas na raiz do problema e eliminá-las. A visibilidade antecipada garante que, quando ocorrer uma interrupção imprevisível, a empresa esteja preparada para mitigar seu impacto e implementar um plano de contingência com antecedência.
Os gestores de cadeias de suprimentos estão prontos para enfrentar essa incerteza por meio de disciplina, trabalho e boas práticas de gestão. Essas quatro medidas são um plano de ação para alcançar esse patamar.