Bianca Rugeri*
Metaverso: uma palavra de nove letras que caiu na boca do povo e ganhou o poder de resumir de forma genérica como será a vida no futuro. Certamente não há equívoco nisso, porém pouca gente sabe como ele será aplicado na prática, em diversos setores da economia. É justamente esse mistério que eu gostaria de desvendar com este artigo.
Já existem algumas iniciativas interessantes em operação que nos levam a compreender como o metaverso cumprirá, em breve, seu papel de unir o mundo físico ao virtual. A Nike, por exemplo, desenvolveu o universo Nikeland dentro do famoso jogo Roblox, onde é possível comprar itens da marca para personalizar o seu personagem e interagir com funcionários e usuários do jogo. A empresa também anunciou a compra da Artifact Studios, especializada na criação de tênis e artefatos digitais – tudo para melhorar a experiência dos seus consumidores dentro de seu Metaverso e, também, alavancar as vendas de seus produtos.
Movimentações desse tipo dão uma ideia do potencial desse mundo digital e também nos levam a refletir sobre como o metaverso vai transformar radicalmente a forma como pensamos e fazemos negócios. No Agro, não será diferente.
São muitas as parcerias que poderão unir virtual e o físico, também conhecido como meio phygital. Será possível, por exemplo, comprar online um produto para a lavoura e pegá-lo com desconto na loja física; ou ainda arrendar uma propriedade e receber os lucros em moeda tradicional. Todas estas experiências enriquecem o metaverso e tornam ainda mais mensurável seu caráter inovador. Inclusive, é um mito a ideia de que ter algo no Metaverso significa viver 24 horas em um mundo virtual.
Imagine ter a oportunidade de realizar uma imersão para conhecer máquinas, testar sua performance e perceber como sua tecnologia impacta na produção de sua propriedade rural – mesmo que esta máquina só esteja disponível em outros países. Simples, não? No mundo físico, experimentar essa inovação demandaria tempo, dinheiro e tudo isso tornaria muito mais complicada a decisão de fazer ou não o investimento. O metaverso veio para simplificar, colocando inovações e tendências muito mais próximas da realidade do produtor.
A abertura de mercado será significativa, afinal são inúmeras as possibilidades de interações com empresas de todos os países do mundo e de muitos segmentos. Se a forma tradicional de pesquisar e conhecer novas práticas não se apresenta tão acessível, com o metaverso a tendência é justamente o contrário: a bandeja das inovações estará servida e ao acesso de todos. O potencial de conexão entre os agentes é enorme. Será possível comprar desde fertilizantes até animais e propriedades, graças ao espaço crescente para a comercialização dos NFTs.
Aliás, os NFTs trouxeram segurança para as operações realizadas no ambiente virtual, uma vez que são garantidos pela criptografia. Sendo assim, o NFT funciona como um certificado digital de autenticidade, protegendo direitos de pessoas que compram e vendem bens únicos e exclusivos. Por isso eles se tornaram uma espécie de bem colecionável, que ganha cada vez mais espaço entre artistas, desenvolvedores de games e outros profissionais que lidam com trabalhos autorais. Dá para perceber que, dentro do metaverso, é possível ser bem sucedido em qualquer negócio.
A qualificação profissional também é um ponto alto. Da mesma forma que as empresas poderão buscar iniciativas inovadoras para se inspirar e ter livre acesso a ofertas de empresas do mundo todo, os profissionais também poderão buscar conhecimento mais facilmente em instituições, fazer cursos complementares e, enfim, aperfeiçoar-se. Pode ser impressionante, mas isso não diz respeito a um futuro de longo prazo. Diz respeito a algo que já está acontecendo. Em poucos meses, tais iniciativas serão o mundo real.
O campo só tem a ganhar. Ouso dizer que é um dos setores que mais devem evoluir com toda essa tecnologia. E, por fim, as empresas que souberem aproveitar o momento, sairão na frente.
*Bianca Rugeri é fundadora da Culte.